Se a sua resposta foi remuneração, certamente você vai se interessar pelo assunto FIRE. Independência financeira para aposentar mais cedo não necessariamente quer dizer que você não queira mais nem levantar o garfo até a boca (zero trabalho rs), mas sim que você não queira mais depender do trabalho convencional da corrida dos ratos para obter dinheiro e ter o que comer ao final do dia ou do mês (de acordo com a periodicidade de pagamento do seu ordenado).
O trabalho foi alçado à posição de certificado de utilidade do homem na sociedade e capturado por religiões e ideais econômicos com a desculpa de tornar o ser humano digno. Mas quando se fala a palavra “trabalho” em qualquer diálogo, em 100% das vezes omitimos a palavra “remunerado”, por termos ressignificado o valor do labor, do esforço para realização de uma atividade sistemática que demanda empenho intelectual, apenas quando dele decorre remuneração em capital financeiro.
Quem já optou por uma jornada FIRE, provavelmente reflete sobre essa ressignificação. O fato de se livrar da necessidade do trabalho remunerado não necessariamente quer dizer que eu não queira mais trabalhar; porque trabalho na vida não é só o remunerado e há coisas que eu faria de graça, caso não precisasse mais me preocupar com dinheiro.
O fato é que quando estamos participando da corrida dos ratos, não sobra muito tempo para refletir quem somos de verdade (e não resumir o que somos ao que fazemos para ganhar dinheiro), o que queremos, ao que damos real valor nessa preciosa vida (que na verdade é o nosso valioso tempo).
Por outro lado, também leio e ouço muitas pessoas que já atingiram um bom patamar financeiro dizendo que quando chegam lá, há que se preocupar com o que fazer para “dar sentido” à vida a partir de então, ou seja: ocupar-se do que de fato lhe dá prazer e tem valor “incontável”.
Infelizmente, vejo muitos dos ditos investidores “amadores” do mundo FIRE exaltando baboseiras neoliberais quando na verdade querem mesmo é viver no mesmo ritmo dos povos originários indígenas (na essência e não na prática roots). Para pra pensar se o que você quer com a FIRE é ou não que o trabalho pare de ser uma angústia e se torne aquilo em que realmente você quer empenhar seu tempo: as paixões, a família, a sua alimentação, sua risada, estar junto...o trabalho de ser gente, sem a pressão de trocar papel por “dignidade”.
Enfim, a hipocrisia…
E aí, vai mesmo “parar de trabalhar”?
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